Tranquei a porta do lugar, pedi ao policial Jones que vigiasse o local do crime ou então solicitasse algum patrulheiro noturno, caso seu horário acabasse. Dispensei a srta. Manilow e sua mãe, e requisitei-as para prestar depoimento na delegacia na manhã seguinte.
Já passavam das 21:00 e pedi que o policial me levasse para casa.
Eu estava cansado e faminto, e com saudades da minha querida esposa.

Abri a porta, guardei a minha pasta dentro de uma estante, e ouvi um barulho na cozinha.
- Paul, você chegou!
Ela veio correndo da cozinha, com um avental cobrindo seu vestido vermelho, e me abraçou entusiasticamente, beijando meus lábios.
- Dia cheio?
- Você nem imagina... Temos um assassino serial à solta. Dois cadáveres encontrados num único dia. Temos algumas pistas, mas desconfio que nenhuma delas será muito promissora.
- Hmm, se bem lhe conheço, você não vai conseguir deixar de pensar nisso tão cedo...
- É, acho que você tem razão.
- A não ser que eu te distraia!!
- Hum?
- Vai tomar um banho que o jantar tá saindo!
Tomei uma chuveirada quente, vesti uma roupa confortável e fui à cozinha comer a deliciosa macarronada da minha esposa. A verdade é que não era tão deliciosa assim, mas era uma das únicas coisas que ela sabia cozinhar, e ela fazia com tanto amor que eu achava saborosíssima!
Em seguida fomos para a cama, assistir a uma comédia romântica, abraçados sob o lençol.
Quando o filme terminou, Suzie estava dormindo com a cabeça no meu peito. Desliguei a televisão e minha atenção logo se voltou às perguntas sem-resposta que rondavam meu subconsciente.

E então eu estava sentado em um lugar pedregoso e um tecido cobria minha face. Ventava bastante. Uma pessoa estava sentada atrás de mim e nossas costas se tocavam. Pelo calor emanado, eu sabia que era Suzie. Eu seria capaz de reconhecer seu corpo ao menor contato. Meu primeiro pensamento foi de tirar aquele pano do meu rosto, mas antes de fazê-lo, mudei subitamente de idéia.
- Suzie?
- Paul? O que é isso cobrindo as nossas cabeças?
- Não sei, parece um tipo de tecido. Você quer que eu tire?
- Eu... eu estou com medo. Parece-me que ver vai ser pior.
- Vou tirar da minha cabeça e depois eu digo se é seguro você ver, está bem?
- Certo, amor.
Tirei aquele pano do meu rosto e percebi que estávamos no topo de um monte pedregoso. Para todos os lados que eu olhava, havia um extenso campo verde. Virei-me e vi Suzie sentada, impassível. Puxei o tecido para que ela pudesse ver, mas tinha outro embaixo. Puxei este também, e tinha mais outro. E quanto mais panos eu tirava da face da minha esposa, mais tecidos parecia ter encobrindo-a.
E então me virei nervoso e eu já estava em outro lugar. Vi a garota estripada do dia anterior deitada no chão, e atrás dela, o aquário com a segunda vítima. Mas ao invés de uma mensagem estranha, na primeira tinha escrito "Não olhe" e na segunda "para trás".
Olhei para trás.
Suzie estava deitada atrás de mim, ainda com o tecido cobrindo-lhe a face, mas seu vestido estava rasgado e vi de relance que seu abdômen estava aberto e órgãos saíam de dentro.

Bastou essa visão por uma fração de segundo e despertei assustado. Suzie estava dormindo em cima de mim, e como me sentei de súbito, acordei-a.
- Hmm...Pa-ul? Tá tudo... beeeemm? - sua voz estava mais dormindo que acordada.
- Eu tive um pesadelo, só isso.
- Hmm... - e voltou a pegar no sono.
Beijei sua testa suavemente, vi que ainda eram 4 da manhã e me deitei mais uma vez.

Às 6:15 o som me despertou e, conforme a rotina, tomei meu banho, ajudei o meu anjinho a despertar, fiz nosso café e saímos às 7:30, Suzie dirigindo e me deixando na delegacia.
Mal entrei no lugar e Angela correu na minha direção.
- Sr. Rocket!!
- Diga, Angela.
- O sr. Nolan quer vê-lo imediatamente.
- Certo, estou indo.
Joshua Nolan era meu superior e se queria me ver, provavelmente deveria ser a respeito dos assassinatos.
Bati em sua porta.
- Entre.
Sua sala era repleta de papéis empilhados e muita poeira. Nolan fumava charutos o dia inteiro e o odor era desagradável, além da fumaça que estava sendo expelida nesse exato momento pelo charuto da vez.
- Sente aí, Paul.
- Pois não, sr. Nolan.
- Preste atenção: eu quero esse assassino fora das ruas, entendeu? Preso ou morto, pra mim tanto faz. Mas eu quero sua dedicação integral ao caso. Você tem minha autorização para proceder da forma que desejar. E os homens estão ao seu dispor, escolha alguns para auxiliá-lo. Deixe de dormir, se for preciso, mas resolva-o!
- Sim, senhor.
- Ah! E quero ter um e-mail seu para ler todos os dias quando eu chegar à delegacia, informando o andamento das investigações.
- Perfeito.
- Pode ir, era só isso.
- Senhor!
- Hum?
- Pensei em montar um lugar mais reservado, algo como uma base de operações para a investigação. Tenho permissão para fazer isso?
- Como quiser. Agora suma, tenho o que fazer!
- Tenha um bom dia.


(inspirado na imagem acima, sugerida por Onã)

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