Saindo da Universidade, telefonei para Angela, e ela me confirmou que a instalação da equipe no local do primeiro homicídio estava sendo providenciada neste exato momento. Eu estava ainda me dirigindo ao carro, onde o policial me aguardava, quando Joe me telefonou:
- Paul, identificamos a garota.
- E?
- Noriko Yamato, 19 anos, pais japoneses, nascida aqui. Falei antes com Angela e ela estava entrando em contato com a família.
- Certo. Vocês estão indo para a nova base de operações?
- Vamos para lá agora. Mas você providenciou uns colchões? Estamos pregados!
- Direi a Angela para providenciar. Até já!
Enfim cheguei na viatura, e nos encaminhamos para o edifício que tomamos como sede. Estacionamos na rua íngreme onde ficava a antiga casa de três andares que fora palco de um crime e que agora seria o bureau de investigações da série de assassinatos.

Ao chegar ao local, encontrei Angela acompanhada por um casal formado por uma senhora longilínea e muito branca e um senhor de compleição robusta, com fortes olheiras.
- Sr. Rocket, esses são o sr. e a sra. Grynspan, os pais da vítima.
- Sou Paul Rocket, queiram me acompanhar, por favor.
Angela me indicou uma sala logo após a entrada, onde ela tinha instalado uma mesa e algumas cadeiras e poderia ser meu escritório. Os pais da vítima encontrada na segunda sentaram-se na minha frente.
- Sr. e sra. Grynspan, antes de mais nada, as minhas condolências pelo ocorrido. Estou buscando descobrir a verdade sobre o acontecimento e garantir que os responsáveis paguem pelo que fizeram. Quando foi a última vez que viram sua filha?
O sr. Grynspan logo respondeu, com uma rouca e anasalada voz:
- Sábado no início da noite.
- E como ela desapareceu?
- Bem, Julia nos avisou que iria para a casa de uma amiga passar a noite e voltaria no domingo. Mas não deu mais notícias.
- E vocês telefonaram para a amiga dela?
- Sim, no domingo à noite. Ela disse que não tinha acertado nada com Julia e que nossa filha não tinha dormido lá.
- Mas vocês deram parte na polícia do desaparecimento?
- Apenas na segunda-feira, pois... bem, o senhor entende, as adolescentes de hoje são muito independentes. Pensamos que a nossa Julia deveria ter saído com algum rapaz e voltaria na segunda-feira para ir à escola.
- Entendo... a srta. Grynspan apresentava algum comportamento estranho nos últimos dias?
- Bem, de uns meses para cá, ela andava se vestindo de preto e se recusando a ir à Igreja.
A sra. Grynspan cruzou um olhar apressado com o marido, e eu suspeitei que não quisesse passar a imagem de que a filha tivesse tendências anti-religiosas.
- Vocês poderiam deixar com Angela o nome e o telefone da amiga da srta. Grynspan?
- Claro.
- Agradeço pela colaboração de vocês. Voltarei a entrar em contato caso haja necessidade de novos esclarecimentos.

Assim que o casal saiu, Angela apareceu.
- Sr. Rocket, o sr. e sra. Yamato, pais da segunda garota, estão do lado de fora. Posso mandá-los entrar?
- Pode.
Então vi um casal de japoneses tradicionais. Ambos eram de baixa estatura e usavam óculos. O pai tinha cabelos curtos e grisalhos e a mãe tinha cabelos na altura dos ombros, negros.
- Sou Paul Rocket, responsável pela investigação. Sinto muito por tudo que ocorreu, estamos trabalhando para identificar os responsáveis por essa tragédia. Quando foi a última vez em que viram a sua filha?
- Na sexta-feira cedo. - respondera a sra. Yamato. Seu marido estava visivelmente abalado.
- Em que circunstâncias?
- Noriko era arrumadeira em um hotel. E sempre saía após o café da manhã para o trabalho e voltava no início da noite.
- E quando deram pela falta dela?
- Na noite de sexta, pois ela não costumava atrasar.
- Ligaram para o hotel?
- Ligamos para uma amiga que trabalha com ela, e ela disse que Noriko tinha saído no final do expediente.
- E ela não notou algo estranho?
- Sim, Noriko saiu acompanhada por um hóspede do hotel.
- E o que vocês pensaram?
- Que ela tivesse fugido com esse homem.
- Compreendo... ela não costumava fazer isso?
- Não.
- Havia algo de estranho no comportamento dela ultimamente?
- Não.
- Vocês poderiam deixar o telefone do hotel e da colega de trabalho da srta. Yamato com Angela?
- Acho que não vai ser um problema.
- Obrigado por virem. Angela manterá contato.

As duas garotas haviam sumido sem explicações. A primeira provavelmente deva ter ido encontrar com um homem mesmo, pois desconfio que ela já tenha feito algo similar. A segunda definitivamente saiu com um hóspede do hotel. Seriam a mesma pessoa? Seria nosso assassino? Preciso falar com a amiga da srta. Grynspan e com o pessoal do hotel.


("levemente" inspirado na imagem acima, da cidade de São Francisco, encontrada pela net)

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